A reunião de cerca de 45 minutos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste domingo (26/10), na Malásia, foi classificada por Lula como “positiva”. Após o encontro, o presidente brasileiro publicou nas redes sociais a foto de um aperto de mão entre os dois mandatários sorridentes e afirmou que as equipes de Brasil e Estados Unidos vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fez um resumo da reunião à imprensa e disse que Lula pediu que as tarifas impostas à exportação de produtos brasileiros sejam suspensas durante o período de negociações. Lula ainda solicitou que as tratativas entre os dois países começassem de forma imediata. “A reunião foi muito positiva, o saldo final é ótimo. O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo de negociações bilateral que deve ser iniciado hoje ainda”, disse.
“Esperamos em algumas semanas concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou Vieira.
Mauro Vieira disse que, ao longo da reunião, Trump e seus assessores deixaram claro que a relação com o Brasil é importante e que querem solucionar dificuldades.
O chanceler brasileiro afirmou que há a expectativa de que seja atendido o pedido de suspensão das tarifas enquanto os países negociam. “Vamos conversar sobre isso, é um pedido que o presidente Lula fez já no telefonema, hoje reiterou, e houve concordância em ser feita”, disse.
Venezuela
O conflito entre os Estados Unidos e a Venezuela foi abordado por Lula na reunião. O presidente brasileiro disse que, por tradição, o Brasil está disposto a atuar como um elemento de promoção da paz e se propôs a mediar a comunicação entre Estados Unidos e a Venezuela, de acordo com o ministro Mauro Vieira.
“O presidente Lula levantou o tema, disse que a América Latina e a América do Sul, especificamente, onde estamos, é uma região de paz e se prontificou a ser interlocutor, como já foi no passado, com a Venezuela, para se buscarem soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países”, disse. O chanceler relatou que Trump agradeceu e concordou.
Lei Magnitsky
Lula também citou a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a autoridades estrangeiras. Segundo o presidente, a aplicação da lei em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro é “injusta”, uma vez que nas decisões tomadas pela suprema corte há respeito ao devido processo legal e não há perseguição.
Descontração
O ministro Mauro Vieira relatou que a conversa entre Lula e Trump foi descontraída e o brasileiro começou dizendo que não havia assunto proibido. Trump contou que admira a trajetória política do presidente Lula e os dois combinaram visitas recíprocas ao Brasil e os Estados Unidos. “Trump disse que admira o Brasil e gosta imensamente do Brasil e do povo brasileiro”, registrou Vieira.

Lula e Trump haviam combinado de conversar sobre os temas de interesse de seus países em breve encontro em setembro, em Nova York, por ocasião da abertura da Assembleia-Geral da ONU. Desde então, as equipes dos presidentes iniciaram as tratativas e aproveitaram a agenda coincidente em Kuala Lumpur, na Malásia, onde participam da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), para realizar a reunião.
