O racismo estrutural e a necessidade de garantir renda são fatores que impedem jovens e adultos de concluir a educação básica no país.
A conclusão é do gerente de Monitoramento, Avaliação, Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho, Diogo Jamra, com base na pesquisa Educação de Jovens e Adultos: Acesso, Conclusão e Impactos sobre Empregabilidade e Renda, divulgada nesta semana pela Fundação Roberto Marinho e pelo Itaú Educação e Trabalho.
“O país tem hoje um perfil de pessoas negras e de baixa renda que compõem os 66 milhões, com mais de 15 anos e fora da escola, que não concluíram a educação básica. Precisamos lidar com isso. O programa Educação de Jovens e Adultos [EJA] precisa entender que o público que vai atingir tem majoritariamente esse perfil”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Especialista em políticas de educação e trabalho, ele aponta que um dos grandes motivos para que jovens não concluam a educação básica na idade adequada está relacionado à necessidade de renda e começarem a trabalhar. Segundo ele, é preciso articular políticas que garantam a educação básica às pessoas que têm maiores obstáculos para alcançá-la. “Uma iniciativa do governo federal como o programa Pé-de-Meia tende a dialogar com isso”, afirmou.
Jamra destacou ainda a influência de questões históricas estruturantes da sociedade brasileira, marcada por um passado escravocrata, no acesso das pessoas à educação básica.
“A população negra é excluída das políticas públicas por uma questão histórica racista, de um racismo estrutural. [Essas pessoas] vão sendo empurradas para fora dessas políticas que não dialogam com elas”.
Com base em uma análise feita a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), a pesquisa revelou ainda que concluir a EJA aumenta a formalização no trabalho e melhora a renda da população jovem – entre 19 e 29 anos.