Ninguém está a salvo da mudança do clima e muros não conterão seus efeitos, alerta Lula na ONU

O presidente Lula voltou a conclamar os países integrantes das Nações Unidas a fazer história na COP 30, na direção da salvação da vida no planeta. “Por isso, faço um apelo aos países que ainda não apresentaram o NDC. O sucesso da COP 30 de Belém depende de vocês. Vamos juntos fazer da Amazônia o palco de um momento decisivo da história do multilateralismo”, reiterou Lula, no terceiro dia de compromissos em torno da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

NDC é a sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas (Nationally Determined Contributions). O termo foi instituído no Acordo de Paris (na COP 21, em 2015), E compreende as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas por cada nação. 

A cobrança para que os países apresentem seus compromissos e suas metas de cumprimento veio acompanhada de reiteradaas advertências. Isso porque a ausência de respostas dos Estados aos efeitos das mudanças climáticas na vidas das pessoas e países trazem também impactos parta a própria democracia, e favorece a ascensão da antipolítica, do negacionismo e do autoritarismo.

“Porque se não tomarmos decisão, a sociedade vai parar de acreditar nos seus líderes e ao invés de nós fortalecermos a luta contra o aquecimento global, a gente vai ajudar o descrédito na política, no multilateralismo e na democracia. E todos nós perderemos porque o negacionismo poderá vencer.”

Em seu pronunciamento na Sessão de Abertura do Evento sobre Clima para Chefes de Estado e de Governo, o presidente brasileiro alertou que “menos de 50 dias separam esta reunião da COP 30″ (que começa em novembro, em Belém). “É momento de questionar se o mundo chegará a Belém com a lição de casa feita (…) Mas a apresentação de contribuições nacionalmente determinadas não é uma opção, como deixou claro a Corte Internacional de Justiça. É uma obrigação”, afirmou, lembrando que sem o conjunto das NDCs, “o planeta caminha no escuro”.

Lula foi contundente na crítica ao negacionismo climático, sem citar nomes, destacando que não é apenas climático, mas também multilateral, já que norteia as disputadas geopolíticas globais, no campo das disputas comerciais e também políticas. “Ninguém está a salvo dos efeitos da mudança do clima. Muros nas fronteiras não vão conter secas nem tempestades. A natureza não se curva às bombas nem a navios de guerra. Nenhum país está acima do outro. O risco do unilateralismo é a reação em cadeia que ele provoca”, disse. 

Cada compromisso rompido é um convite para as novas atitudes isoladas. Precisamos resgatar a convicção na mobilização coletiva. Não fosse o Acordo de Paris, já estaríamos na rota dos 4 graus de elevação da temperatura média da Terra.”


 

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