O Governo do Estado do Rio Grande do Norte possui cerca de 1.300 obras de arte, alocadas na Pinacoteca do Estado e em prédios estaduais, além do acervo itinerante que circula pelas Casas de Cultura Popular do RN. Devido ao valor histórico das obras, muitas delas estão na condição de reserva técnica e são expostas ao público em ocasiões especiais, como é o caso da exposição Feito Potiguar: Identidade e Memória das Artes Visuais do RN, que será aberta ao público nesta sexta-feira (26), às 18h, no Palácio Potengi.
Composta por 51 obras, das quais 36 pertencem à coleção estadual, a mostra é um desdobramento do movimento Feito Potiguar, criado pelo Serviço de Apoio à Microempresa (Sebrae-RN) como forma de reconhecer e valorizar o que é produzido no Rio Grande do Norte, e se tornou possível graças à parceria com o Governo do RN e o Conselho Estadual de Cultura. O prédio que abriga a Pinacoteca do Estado, situado em frente à praça Sete de Setembro, na Cidade Alta, em Natal (RN), é coordenado pela Fundação José Augusto (FJA), responsável pela gestão do patrimônio cultural do Rio Grande do Norte.
“Em nome do Governo do Estado, enaltecemos e valorizamos iniciativas como essa, que possibilitam a exposição ao público das obras da coleção estadual”, afirmou o diretor da FJA, Gilson Matias. Ele destacou que a exposição Feito Potiguar se concretiza como um importante recorte histórico e temporal ao reunir obras e artistas de grande relevância para a arte potiguar. “Especialmente por levar a assinatura e o crivo do Conselho Estadual de Cultura”, completou, referindo-se ao órgão deliberativo e consultivo no qual ele tem assento como diretor da autarquia.
Para materializar a mostra, o Sebrae-RN apresentou ao Conselho Estadual de Cultura (CEC), por meio do conselheiro Manoel Onofre Neto, o conceito do movimento e a ideia de realizar uma exposição de arte potiguar com objetivo de destacar a identidade do RN nas artes plásticas. De pronto o conselheiro aceitou o convite para ser o curador e apresentou algumas condicionantes para que, segundo ele, a versão do Feito Potiguar em formato de exposição de artes tivesse realmente uma relevância cultural, temporal e histórica.
“Eu achei a ideia maravilhosa e concordei em coordenar a exposição, mas desde que o acervo fosse majoritariamente pertencente ao Governo do RN e que a mostra fosse realizada na Pinacoteca do Estado”, descreveu Manoel Onofre, que também é Procurador do Estado na área de patrimônio e colecionador de arte. Ultimamente, ele tem se destacado como curador de exposições de grande relevância como Caju, que evidenciou a estética do fruto nativo do Rio Grande do Norte, e Viúva Machado, a grandeza de uma mulher, ambas realizadas no Palácio Potengi.
IDENTIDADE E MEMÓRIA – Das 51 obras que compõem a mostra Feito Potiguar, 36 pertencem à coleção estadual, incluindo uma tapeçaria do artista Dorian Gray, medindo 1,8 metros de altura por 4 metros de largura, que foi recuperada e está sendo exposta pela primeira vez desde que foi retirada de sua locação original. Datada de 1980, a obra Cidade faz referência à capital potiguar e integrava a coleção de artes do antigo Bandern, banco estatal fechado em 1990.
Além da tapeçaria, outras obras de grandes mestres e mestras das artes visuais do Rio Grande do Norte, muitas nunca vistas pelo público, estão reunidas nesta grandiosa exposição, um verdadeiro tributo aos artistas que ajudaram a construir o cenário artístico do estado. O recorte temporal tem início em meados de 1870, representado pelo pintor Joaquim Fabrício, figura muito importante na história potiguar, que estudou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, sob a tutela de D. Pedro II. Sua presença na exposição ocorre por meio de um resgate feito com apoio da Inteligência Artificial, a partir de um registro fotográfico em preto e branco de um quadro de sua autoria.
O passeio histórico se encerra com obras da década atual, de Célia Albuquerque e Vatenor, o pintor dos cajus, que faleceram recentemente e estão sendo homenageados na mostra. Além de homenagear os mestres in memoriam, a programação revela as diversas camadas que compõem o ser potiguar, desde a representação da paisagem e do cotidiano até a exaltação da cultura popular, dos personagens que habitam a memória coletiva, da natureza exuberante e do legado feminino na arte.
Nomes como Erasmo Xavier, Moura Rabello, Newton Navarro, Dorian Gray, Xico Santeiro, Maria do Santíssimo, Leopoldo Nelson, Zaíra Caldas, Martha, e tantos outros, compõem a seleção da exposição. Para Manoel Onofre, a exposição do Feito Potiguar vem no momento em que se torna urgente resgatar e tornar acessível ao público a obra de artistas potiguares que, com suas diferentes linguagens e perspectivas, contribuíram significativamente para a formação da identidade visual do Rio Grande do Norte. “É fundamental tornar acessível ao público esse legado, permitindo que novas gerações conheçam e se apropriem da arte potiguar”, observa.
A exposição permanecerá em cartaz até o dia 30 de novembro. Haverá nesse período algumas atividades como rodas de conversa e visitas guiadas. O Palácio Potengi, que abriga a Pinacoteca do Estado, foi reaberto ao público em 4 de dezembro de 2021, após quatro anos de restauração. Construído entre 1866 e 1873, o edifício abrigou repartições públicas e, a partir de 1902, tornou-se sede do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, função que exerceu até 1995, quando passou a ser um espaço cultural.
Serviço: Abertura da exposição Feito Potiguar: Identidade e Memória das Artes Visuais do RN.
Data – Abertura 26 de setembro (sexta-feira) – 18h. Visitação até 30/11: terça a sexta-feira, das 8h às 16h, e sábados e domingos, das 9h às 16h.
Local – Palácio Potengi – Pinacoteca do Estado – Praça Sete de Setembro, Cidade Alta. Natal (RN).