Margareth Menezes defende cultura como força de mobilização climática

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, cumpriu neste sábado (27) agenda estratégica em Barcelona, na Espanha, no contexto da Mondiacult 2025 – Conferência Mundial sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável. Representando o Ministério da Cultura (MinC), ela participou de painéis internacionais sobre cultura e desenvolvimento sustentável e teve presença de destaque no Balanço Ético Global para Ação Climática Baseada na Cultura, iniciativa vinculada à Presidência brasileira da COP30. A atuação da titular da Cultura reforça o protagonismo do Brasil na articulação de agendas culturais globais e climáticas.

O último evento do dia foi o Balanço Ético Global para Ação Climática Baseada na Cultura, realizado na Fundació Joan Miró. O encontro reuniu artistas, formuladores de políticas, ativistas e representantes da sociedade civil para propor caminhos éticos e culturais frente à crise climática, antecipando diálogos da Mondiacult e conectando-se diretamente ao processo da COP30, que será sediada no Brasil em 2025.

Organizado em torno de cinco eixos – do luto climático aos cuidados comunitários, da transição justa à justiça climática e soluções territoriais –, o Balanço propôs uma agenda compartilhada de ação cultural e climática.

Margareth Menezes participou do círculo de diálogo e destacou o papel do Brasil como articulador internacional. A ministra ainda lembrou que, desde 1992, cientistas vêm alertando sobre o desequilíbrio climático, mas a falta de ações concretas trouxe consequências que hoje já atingem comunidades no mundo inteiro. Com a COP30 sediada no Brasil e centrada na Amazônia, Margareth reforçou a urgência do momento. “Ainda há esperança, mas essa esperança só pode ser fortalecida com ações de verdade”, relatou.

A titular do Ministério da Cultura defendeu a integração da pauta climática às políticas culturais, apresentando a cultura como uma ferramenta de mobilização coletiva e de construção de esperança. Ela citou práticas tradicionais, como modos ancestrais de produção de alimentos, como exemplos de relações mais equilibradas com o meio ambiente, que podem inspirar soluções contemporâneas.

Ela destacou que essas políticas valorizam não apenas a dimensão simbólica e territorial da cultura, mas também sua função social, econômica e transformadora.

“Uma reparação não é uma esmola, uma reparação é você dar oportunidade para aquele que nunca teve”, afirmou, ao destacar a inclusão de representantes indígenas nos conselhos do Ministério e a valorização da juventude como força inovadora.

A campeã de Juventude da COP30 e ativista climática Marcele Oliveira também participou do encontro, ressaltando a importância de uma abordagem ética e cultural no enfrentamento à crise climática.

Marcele destacou o protagonismo do Brasil, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e pela ministra Marina Silva, no esforço global por um novo pacto climático.

“Eu tô muito animada pra ver essa COP30 colocar, de fato, a cultura na centralidade da discussão”, comemorou.

Como resultado, será produzido um registro multimídia e narrativo do encontro — incluindo vídeos, textos e obras coletivas — que será exibido na Blue Zone da COP30, ampliando o alcance internacional das reflexões construídas em Barcelona.

Publicação internacional com contribuição brasileira

Durante a tarde, no Espaço Cultural Plantauno, foi lançado o livro (Des)desarrollo sostenible y políticas culturales / Sustainable (Un)development and Cultural Policy, publicação bilíngue (espanhol e inglês) promovida pela Cátedra Unesco de Políticas Culturais e Gestão da Fundação Casa de Rui Barbosa. A obra reúne reflexões de pesquisadores e especialistas brasileiros sobre temas-chave como democracia cultural, multilateralismo, diversidade biocultural, inteligência artificial e emergência climática.

Durante o lançamento do estudo realizado pelo CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), a ministra da Cultura falou sobre os rumos da política cultural brasileira, unindo reconstrução institucional, visão estratégica e compromisso internacional.

Diante de autoridades, especialistas e representantes de organismos multilaterais, Margareth destacou o momento de renascimento cultural no Brasil e apresentou as diretrizes do governo para o setor.

“Cada um de nós é um ser cultural, trazendo sua história, suas memórias, da sua vida, do lugar onde mora. A cultura é um direito, e todos precisam ter acesso”, declarou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *