Salário é o fator de maior peso na redução da desigualdade nos últimos anos

Uma das principais notícias trazidas no final de novembro veio por intermédio de estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que mostra a maior redução das desigualdades sociais no Brasil desde 1995. A melhora no índice de Gini, que mede as diferenças de renda e condições de vida – o Gini atingiu 50,4 pontos, o menor do período – é resultado de um conjunto de fatores mas, segundo análise do Ipea, nos últimos anos a renda do trabalho e os salários tiveram maior peso nessa conquista do que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

Segundo o estudo, entre 2023 e 2024, o último biênio do período analisado,  “cerca de metade da redução de 1,2 ponto de Gini continua associada ao mercado de trabalho, mas a contribuição das transferências assistenciais foi bem menor (-0,2 ponto de Gini, ou 16% da queda), ficando atrás dos benefícios previdenciários (-0,3 ponto, ou 22%)”. O índice de Gini, quanto menor, melhor, significando mais distribuição de renda, numa escala de 0 a 100.

Num intervalo mais longo, a queda no Gini foi de 3,9 pontos entre 2021 e 2024, e 49% dessa queda deve-se a rendimentos do trabalho, e 44% às chamadas “transferências assistenciais”.

Segundo o estudo, portanto, a melhora dos índices no mercado de trabalho nos últimos anos – mais emprego e maior elevação das médias salariais, como vêm demonstrando pesquisas recentes, a exemplo das do IBGE – fez com que a renda do trabalho ultrapassasse programas como o Bolsa Família na influência sobre a distribuição de renda. Os dados do estudo não incluem 2025.

Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que os resultados socioeconômicos da atual gestão devem melhorar no ano que vem, em virtude de novas medidas que entrarão em vigor, como o Imposto de Renda Zero para quem ganha até R$ 5 mil por mês e alíquotas menores para quem ganha até RS 7,3 mil mensais.

PIB redistribuído

Há um outro resultado que se destaca no estudo, feito com base na série histórica da Pnad-C (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua): nos anos mais recentes, as médias das rendas familiares (soma de diversas fontes) tiveram elevações semelhantes ao do crescimento do PIB, demonstrando que a riqueza gerada no País está sendo distribuída de maneira mais igualitária.

“O indicador [de renda domiciliar ] se recuperou com o triênio de maior crescimento do poder de compra médio dos brasileiros desde o Plano Real, acumulando alta de mais de 25%, isto é, 7,8% ao ano entre 2021 e 2024. Neste último ano, a renda média alcançou o maior valor da história (R$ 2015 por pessoa, em preços médios de 2024). A recuperação da renda média nos últimos anos acompanhou a do PIB per capita, que voltou a crescer mais no Brasil do que no resto do mundo em 2022, 2023 e 2024, o que não ocorria desde 2013”, diz trecho do estudo do Ipea.

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