O ex-presidente Jair Bolsonaro passou por uma cirurgia nesta quinta-feira (25) em Brasília, para correção de uma hérnia inguinal bilateral. De acordo com os médicos responsáveis, o procedimento transcorreu sem intercorrências, mas a equipe avalia a possibilidade de uma nova intervenção na próxima segunda-feira (29), caso não haja melhora de um quadro persistente de soluços.
Em entrevista coletiva, o cirurgião Cláudio Birolini afirmou que a cirurgia ocorreu dentro do esperado. Segundo ele, Bolsonaro apresentava uma hérnia maior do lado direito e outra ainda em fase inicial do lado esquerdo, que também foi corrigida para evitar futuros sintomas. A técnica utilizada foi a de Lichtenstein, considerada padrão para esse tipo de procedimento. O tempo cirúrgico foi de cerca de três horas.
“O achado intraoperatório foi exatamente o que nós esperávamos. O procedimento foi absolutamente dentro do previsto, sem nenhuma intercorrência”, afirmou Birolini.
Após a cirurgia, Bolsonaro passou cerca de uma hora e meia na recuperação anestésica e, em seguida, foi encaminhado ao quarto, sem necessidade de internação em UTI. Segundo os médicos, ele está acordado, consciente e se comunicando normalmente. O quarto conta com monitoramento contínuo, funcionando como uma unidade semi-intensiva.
Soluços preocupam equipe médica
O principal ponto de atenção no pós-operatório, segundo os médicos, é um quadro recorrente de soluços, que tem causado cansaço intenso e prejudicado o sono do ex-presidente. O cardiologista Dr. Brasil Ramos Caiado explicou que a equipe chegou a considerar inicialmente um bloqueio do nervo frênico, mas optou por intensificar o tratamento clínico antes de recorrer a um procedimento invasivo.
“Observamos que os soluços têm relação direta com o trato digestivo, especialmente uma esofagite severa associada à gastrite e ao refluxo gastroesofágico”, explicou Caiado.
De acordo com o médico, a estratégia adotada neste momento envolve ajustes na dieta e a otimização da medicação. A resposta ao tratamento será acompanhada nos próximos dias. Caso não haja melhora significativa, o bloqueio do nervo frênico poderá ser realizado na segunda-feira.
“O procedimento é mais invasivo e, sempre que possível, preferimos resolver de forma clínica. Mas, provavelmente, vamos reavaliar na segunda-feira, que é um tempo adequado para observar a resposta ao tratamento”, disse.
O bloqueio do nervo frênico, explicou Birolini, é feito por radiointervenção, com auxílio de ultrassom, e envolve a aplicação de anestésico associado a corticoide. Segundo ele, trata-se de uma alternativa eficaz, mas que só será adotada se necessário.
