A Black Friday 2025 chega como um divisor de águas na relação entre consumidores e tecnologia. Segundo o estudo Panorama de Consumo 2025, do Mercado Livre, 48% dos brasileiros pretendem usar ferramentas de inteligência artificial para buscar ofertas e comparar preços — um marco que coloca a IA no centro da jornada de compra e redefine a competição entre varejistas.
A pesquisa, realizada com mais de 42 mil consumidores, mostra que chatbots inteligentes, assistentes virtuais e mecanismos de recomendação estarão entre os principais aliados dos compradores na hora de identificar descontos reais, acompanhar variações de preço e encontrar combinações personalizadas de produtos.
Esse comportamento impulsiona diretamente as expectativas do setor. A previsão da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce é que o e-commerce movimente R$ 13,34 bilhões na Black Friday 2025, alta de 14,7% em relação ao ano anterior.
“Estamos entrando em uma era em que a IA não apenas automatiza, mas antecipa. Ao analisar padrões de navegação e históricos de compra, a tecnologia ajusta campanhas em tempo real e entrega a oferta certa no momento exato. Empresas que exploram sazonalidades com inteligência chegam a faturar até 40% a mais em relação às que não se planejam”, explica Douglas Torres, CEO da Yup Chat e especialista em inteligência artificial.
Nem tudo é tecnologia: influência humana segue decisiva
Mas a equação não se resolve apenas com tecnologia. A influência humana permanece determinante. Se a IA prevê e personaliza, são os creators que convertem. Dri Elias, CEO da CoCreators e especialista em Marketing de Influência, lembra que o consumidor busca mais do que preço: ele quer validação social. “Quando vê creators e até colaboradores da marca produzindo conteúdo real, ele sente confiança para concluir a compra. A influência não está restrita aos grandes nomes, mas se multiplica em micro e nano influenciadores, que falam de perto com comunidades específicas”, afirma.
O movimento acompanha outra tendência captada pelo Panorama de Consumo 2025: a busca — cada vez mais forte — por autenticidade e provas sociais. A IA ajuda a filtrar e organizar informações, mas são as pessoas que dão credibilidade ao processo de decisão.
O desafio: adoção empresarial ainda é lenta
Mesmo com o consumidor acelerando o uso da IA, o varejo ainda corre atrás. Um levantamento da FecomercioSP mostra que 58,7% das empresas não utilizam IA e nem planejam implementar a tecnologia — especialmente as de pequeno porte. Isso cria uma lacuna competitiva justamente no período em que o comportamento de compra está mais orientado por tecnologia.
2024 já mostrava o caminho
A Black Friday 2024 encerrou com R$ 9,38 bilhões em faturamento e crescimento de 14% nos pedidos. Em 2025, especialistas apontam que a combinação de IA, dados, conteúdo humano e segmentação inteligente deve ampliar o ritmo de expansão — e determinar quem realmente conseguirá converter a atenção do consumidor em vendas.
