De pacientes a residentes: o SUS que forma, cuida e transforma

Universalidade, integralidade e equidade são princípios que movem o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 19 de setembro, completam-se 35 anos da Lei 8.080, de 1990, que o oficializou, dois anos após a criação pela Constituição de 1988. Atualmente, o SUS assegura que 215 milhões de brasileiros tenham acesso gratuito à saúde de qualidade, segundo o Ministério da Saúde.  

Nos 45 Hospitais Universitários Federais (HUFs), 100% SUS, geridos pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), são realizadas, anualmente, mais de 203 mil cirurgias e 6,4 milhões de consultas.  

 Para a diretora de Atenção à Saúde da Ebserh, Lumena Furtado, “cada unidade da Rede atua, via SUS, para oferecer atenção integral e humanizada, respeitando as particularidades de cada paciente”. Ela destacou que um evento como o “Dia E – Ebserh em Ação” demonstra a força da Rede quando atua em conjunto, em todo o Brasil, ampliando o acesso. “Hoje, os hospitais universitários não só prestam atendimento, mas também contribuem para a formação de profissionais, para a pesquisa e para a construção de um sistema mais eficiente e conectado com a população”, justificou. 

Acesso e inovação 

Diariamente, histórias de superação mostram a dimensão dessa política pública, reconhecida como referência mundial. A trabalhadora doméstica Dalcimar de Jesus, de 36 anos, de Petrolina (PE), viu sua vida mudar quando sofreu um acidente em casa e fraturou dois ossos do braço direito. Atendida no Hospital Universitário da Universidade do Vale do São Francisco (HU-Univasf), ela passou por cirurgia para colocação de duas placas metálicas.   

Após a alta, iniciou acompanhamento no ambulatório, onde soube que seria a primeira paciente do hospital a receber uma órtese produzida em impressora 3D. A inovação é fruto do projeto da Rede Inova, um acordo de cooperação técnica que possibilita a confecção de órteses e próteses para os pacientes atendidos na instituição. O dispositivo pode ser utilizado de forma temporária ou contínua. 

“Nunca imaginei participar de um projeto que me trouxe tantos benefícios. Toda semana vou ao hospital e sou acompanhada por médicos, fisioterapeutas, psicólogo, nutricionista, assistente social e enfermeiras que cuidam até da saúde da pele. Essa órtese tem me ajudado bastante na recuperação”, relatou. 

O apoio multiprofissional também foi fundamental para o aspecto emocional. “Quando a gente passa por um acidente que muda a rotina, o psicológico fica muito fragilizado. Mas até nisso tenho recebido cuidado. Para mim, o SUS é muito importante, porque sem ele eu não teria condições de fazer essa cirurgia particular nem de ter toda essa assistência”, disse. 

Outro paciente que teve sua vida transformada foi Inácio Sousa Lima. Aos 33 anos, quando trabalhava como enfornador de tijolos, em Teresina (PI), percebeu que algo não estava bem: tremores em repouso, rigidez muscular e lentidão nos movimentos começaram a atrapalhar sua rotina. Ao procurar atendimento na rede pública, recebeu o diagnóstico de Doença de Parkinson. 

Com a progressão da doença, os remédios já não garantiam qualidade de vida. “Chegou um momento em que eu não conseguia mais fazer coisas simples, como me alimentar ou dormir direito”, relembra. 

No Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), ele foi submetido, em 2024, à cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS), procedimento de alta complexidade oferecido pelo SUS. O método consiste na implantação de eletrodos em regiões específicas do cérebro para ajudar a controlar os sintomas da doença. 

Hoje, aos 51 anos, seu Inácio comemora uma nova vida depois da cirurgia. “Sou muito grato ao hospital e ao SUS, pois minha qualidade de vida melhorou bastante. Já consigo andar sem ajuda”, afirmou. 

Um lugar de aprendizado 

Os HUFs também são campo de formação prática para mais de 55 mil alunos de graduação, 8,5 mil residentes e mais de 1.000 programas de residência em funcionamento. 

No Pará, durante a segunda edição do mutirão do “Dia E, Ebserh em Ação” realizado em 13 de setembro, a estudante de Medicina Elenilse Araújo participou, pela primeira vez, da mobilização nacional no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB). “Participar do mutirão, que beneficia diretamente a população e se alinha com os valores humanísticos do SUS, me fez acreditar ainda mais na minha escolha profissional, confirmar meu propósito de atuar em uma área que me permite impactar positivamente a vida das pessoas”, disse, emocionada. 

Sobre a Ebserh 

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.  

Reportagem: Elenita Araújo, com edição de Danielle Campos.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh

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