Uma crise de saúde silenciosa atinge jovens e adultos no Brasil. Atualmente, doenças historicamente associadas ao envelhecimento, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), estão crescendo entre pessoas com menos de 40 anos. Além disso, o aumento é agravado pela desigualdade social e pelo difícil acesso a serviços de saúde.
Entre 2013 e 2023, as internações por infarto agudo do miocárdio e AVC aumentaram mais de 50%, totalizando 115 mil casos. Desses, 76% tinham entre 30 e 39 anos, e 23% estavam entre 20 e 29 anos. A taxa de internações em menores de 40 anos dobrou, passando de menos de 2 para quase 5 casos a cada 100 mil habitantes. Portanto, o Brasil supera a média global: 18% dos AVCs atingem jovens de 15 a 34 anos, contra 15% mundialmente.
Fatores de risco
A obesidade é apontada como gatilho principal. Entre 2006 e 2023, o percentual de brasileiros obesos subiu de 11,8% para 24,3%. Além disso, entre adolescentes de 12 a 17 anos, 17,1% apresentam obesidade. Consequentemente, este quadro aumenta a chance de diabetes e hipertensão, segundo médicos do Incor e do Hospital Sírio-Libanês.
O diabetes tipo II e a síndrome metabólica elevam o risco de infarto e AVC. Enquanto isso, a hipertensão é um fator direto para doenças cardiovasculares. Segundo o Ministério da Saúde, os jovens enfrentam pressão alta devido a má alimentação, sedentarismo, álcool, tabagismo e estresse.
Saúde mental em crise
Paralelamente, os transtornos psicológicos também aumentaram. Mais de 2 milhões de brasileiros têm depressão e quase 2,5 milhões lidam com doenças mentais graves, incluindo esquizofrenia, transtorno bipolar e TOC. Além disso, entre homens jovens, essas condições são a principal causa de internação.
O acesso a tratamento é limitado: apenas 33,9% dos jovens de 20 a 24 anos diagnosticados recebem acompanhamento profissional. Isso ocorre porque há falta de ânimo, longos tempos de espera e restrições financeiras.
Desigualdade social agrava situação
Além disso, a população jovem negra e de baixa renda é mais afetada. A obesidade, por exemplo, predomina entre mulheres negras e pessoas com menor escolaridade. Muitos vivem em áreas sem coleta de lixo, água potável ou saneamento, o que aumenta a vulnerabilidade a doenças.
Conclusão
Portanto, o combate à crise de saúde entre jovens no Brasil exige ações integradas. Dessa forma, há necessidade de políticas públicas que abordem hábitos alimentares, sedentarismo, saúde mental e acesso equitativo aos serviços de saúde, para que seja possível frear o aumento de infartos, AVCs e transtornos mentais.