A Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN) deu as boas-vindas aos alunos do semestre letivo 2025.2 com uma aula inaugural, que teve como tema central “O Nordeste: estereótipos, identidade e pertencimento”. A palestra foi apresentada pelo jornalista e pesquisador Octávio Santiago, autor do livro “Só sei que foi assim: a trama do preconceito contra o povo do Nordeste”. O encontro, aberto à comunidade acadêmica e ao público em geral, aconteceu na quarta-feira, 13, e marcou o acolhimento da 12ª turma de Medicina no campus de Caicó.
Ao abordar as origens históricas e sociais do preconceito regional, Santiago convidou o público a refletir sobre a valorização da cultura nordestina. “O Nordeste da prosperidade, das vinícolas, da produção de queijos premiados, que cultiva flores e exporta para Europa, o Nordeste campeão de notas mil na redação do ENEM, urbano, que faz ciência, não é mostrado. E isso não é por acaso, é um projeto político, econômico e social, movido por muitos interesses”, afirmou o jornalista.
O evento foi realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Caicó (SEMECE) e com a 10ª Diretoria Regional de Ensino e Cultura (DIREC/RN), e contou com a participação de turmas de estudantes do ensino fundamental e do ensino médio. Sérgio André de Araújo, secretário da SEMECE, evidenciou o alcance educativo do evento: “nossos jovens saem daqui inspirados e com um olhar fortalecido sobre a sua própria cultura e identidade”.
Como desdobramento da palestra, a EMCM vai realizar um concurso de redação e um concurso de fotografia sobre a mesma temática, voltados para estudantes da rede básica e para membros da comunidade acadêmica. “Trazer a Universidade para dialogar com a comunidade e com os estudantes da rede básica mostra a força da educação como ferramenta de integração e valorização da nossa identidade”, afirmou Liliane Braga, vice-diretora da EMCM/UFRN, destacando o papel social da UFRN.

O momento também foi enriquecido por uma apresentação cultural do programa de rádio Violeiros do Seridó, liderado pelo pesquisador e radialista Djalma Mota, que trouxe ao público a tradição da cantoria de viola, valorizando a poesia popular e a arte sertaneja. Subiram ao palco os poetas Cícero Nascimento, de 87 anos, integrante do programa Violeiros do Seridó desde sua criação, há 62 anos, e Geraldo Brito, que juntos encantaram a plateia com versos improvisados e carregados de identidade regional.
Além disso, foi montada, no hall da EMCM, uma Mostra Artístico-Cultural com obras de artistas e artesãos da região Seridó e do Nordeste, como Gabriel Fernandes, Ariell Guerra, Adonay Dantas, Istelo Almeida, Luzia Dantas, Marinalva Sabino, Jota Borges e José Costa Leite. E no espaço central do prédio, os participantes puderam apreciar um painel gigante de crochê construído pelas artesãs do projeto Pontos nos Altos.