Lula afirma que soberania nacional está acima de partidos e tendências políticas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que a independência e autonomia dos três poderes no Brasil são inegociáveis. A soberania nacional, composta também por esses valores, será defendida sem descanso, segundo Lula.

O presidente também declarou que terras raras e minerais críticos vão ser objeto de política nacional, em fase de elaboração, como objetivo de proteger esse patrimônio e deixá-lo sob controle da União.

Lula se referia ao processo de negociação e resistência ao tarifaço imposto por Donald Trump a produtos nacionais de exportação e a penalidades aplicadas pelo governo estadunidense a autoridades do Judiciário. Lula discursou durante cerimônia de abertura de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, nesta terça-feira (5/8).

Proteger a nossa soberania é um objetivo que está acima de todos os partidos e de todas as tendências. O Governo não transigirá e não vacilará em seu dever de preservá-la”, disse Lula.

O encontro reúne representantes de todos os setores empresariais, de representantes sindicais, de organizações da sociedade civil, da classe artística e das universidades, entre outros segmentos sociais.

O presidente afirmou, entre comentários de improviso e a leitura do discurso previamente preparado (a íntegra pode ser lida ao final deste texto), que uma das reais motivações do presidente estadunidense Donald Trump não é sequer política, mas, num patamar abaixo, é  simplesmente eleitoral.

Lula novamente criticou o clã Bolsonaro e seus apoiadores pela atuação contra o Brasil, inflando Trump a boicotar a economia brasileira. Sem citar diretamente essas pessoas, Lula afirmou:

“Em nenhum tarifaço aplicado a outros países, houve tentativa de ingerência sobre a independência dos poderes do País. Essa interferência contou com o auxílio de verdadeiros traidores da pátria, que aqui tentaram e defendem publicamente ações contra o Brasil. Vários setores da economia são afetados pela covardia dos que se associaram a interesses alheios ao da nossa nação”, disse.

Minerais críticos e terras raras

Ainda sobre o tarifaço, Lula destacou que “o Brasil nunca saiu da mesa de diálogo”, e relembrou os esforços diplomáticos de seu Governo junto aos Estados Unidos desde que a ameaça global de tarifaço trumpista rondava a casa de 10%. Afirmou também que ele próprio tem se envolvido com a expansão dos mercados para o Brasil, tendo participado de 15 seminários empresariais internacionais e liderado uma equipe que abriu 398 novos destinos para produtos nacionais.

Sobre as terras raras e minerais críticos, objeto de cobiça de outros países por causa de sua utilidade para a produção de componentes de alta tecnologia, Lula disse que o Conselho Nacional de Política Mineral está preparando uma política nacional para o setor. Segundo o presidente, o objetivo dessa política é garantir que a exploração dessas riquezas fique sob controle do Brasil e seja revertida também para o desenvolvimento econômico e social do próprio País.


Saiba mais sobre as ações do Governo Federal para enfrentar o tarifaço de Trump


“Durante séculos, a exploração de riquezas minerais [no Brasil] gerou riquezas para poucos e deixou rastro de miséria para muitos”, disse. “Estamos construindo uma política nacional que vai garantir que a exploração desses recursos traga ganhos ao povo brasileiro”, completou, após enumerar que o Brasil tem grandes reservas de minerais críticos, como o nióbio.

Avanços sociais e econômicos desde 2023

Antes de ingressar no tema do tarifaço de Trump, Lula discorreu sobre avanços econômicos e sociais conquistados desde 2023, quando retornou à Presidência. Entrecortando a leitura dos números com comentários e memórias de vida, Lula, mais de uma vez, lembrou ao plenário a necessidade de combater as persistentes desigualdades sociais no Brasil.

O presidente fez menção aos limites impostos por diferentes interesses – entre os quais os dos detentores de títulos da dívida pública e que pedem por redução de gastos sociais para preservar o pagamento de juros – e afirmou que o atual Governo não governa para minorias abastadas.

“Seria muito fácil o Haddad ser ministro da Fazenda de um país em que a gente se preocupasse em governar apenas para 35% da população. Seria muito fácil”, afirmou. “Mas, quando você resolve colocar todo mundo na mesma mesa, você tem que tomar decisão”, disse.

“Vamos ser francos”, continuou o presidente, “um país do tamanho do Brasil pode dar a seu povo uma qualidade de vida muito maior do que o nosso povo tem”. Lula afirmou ainda que gostaria de ter podido comemorar mais o fato de o Brasil ter saído novamente do Mapa da Fome da ONU, algo que foi eclipsado pelos fatos recentes envolvendo o tarifaço. Mesmo assim, “nada me deixaria mais feliz do que esta notícia [da saída do Mapa da Fome]. Nós, graças a Deus, conseguimos acabar com isso”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *