Cientistas brasileiros testaram uma nova combinação de medicamentos que promete reduzir as chances de um novo Acidente Vascular Cerebral (AVC). O tratamento utiliza uma “polipílula”, que reúne em um único comprimido três substâncias já conhecidas e disponíveis no Brasil, e mostrou resultados importantes em pacientes que sobreviveram a um AVC hemorrágico.
A polipílula é a união de dois medicamentos usados para controlar a pressão alta — principal fator de risco para um AVC — e um para reduzir o colesterol. Os princípios ativos combinados são telmisartan, amlodipine e indapamide.
De acordo com a neurologista Sheila Martins, as substâncias são administradas em doses baixas. Essa abordagem tem o objetivo de reduzir o efeito colateral que cada medicamento poderia causar isoladamente, ao mesmo tempo em que potencializa o efeito por agirem em mecanismos diferentes para baixar a pressão.
Resultados da pesquisa e impacto na reincidência
O estudo, conduzido por pesquisadores brasileiros em um hospital de Porto Alegre, acompanhou mais de 1.600 pacientes que sobreviveram a um AVC hemorrágico e ficaram com leves sequelas. O AVC hemorrágico é a forma mais grave do Acidente Vascular Cerebral, ocorrendo quando um vaso se rompe e o sangue atinge o tecido cerebral. No Brasil, são registrados cerca de 50 mil casos por ano.
Os resultados da pesquisa foram considerados animadores:
A polipílula reduziu em 39% o risco de novos AVCs.
A reincidência dos AVCs hemorrágicos diminuiu em 60%.
Também houve uma queda de quase 40% na chance de infarto e outros eventos cardiovasculares.
O AVC mata um brasileiro a cada seis minutos, e levar uma vida saudável e controlar a pressão com medicamentos é essencial.
A principal expectativa com o novo formato de tratamento é que a polipílula facilite a adesão dos pacientes. Como ela reúne três remédios em um único comprimido, tomado apenas uma vez ao dia, a chance de o paciente seguir o tratamento corretamente é maior, um desafio comum na área da saúde.
