Reuniões em Ipanguaçu e Itajá tratam sobre as ações no Canal e Rio Pataxó

O Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (IGARN) realizou, nesta quinta-feira (16), reuniões nos municípios de Ipanguaçu e Itajá com o objetivo de avaliar e fortalecer as medidas estabelecidas na Portaria SEI nº 46, de 19 de setembro de 2025. A normativa declara situação de escassez hídrica no canal Pataxó e no trecho perenizado do rio Pataxó, compreendido entre as coordenadas geográficas -36.878801°, -5.665953° e -36.825647°, -5.501445°. A Portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado em 23 de setembro de 2025.

Os encontros contaram com a participação de representantes do poder público municipal, sociedade civil organizada e usuários de recursos hídricos da região. As reuniões foram conduzidas pelo diretor-presidente do IGARN, Procópio Lucena, que reforçou a importância do cumprimento das regras estabelecidas para o uso racional da água na bacia, principalmente diante do agravamento da escassez hídrica.

Durante as reuniões, o diretor destacou os acordos firmados anteriormente, previstos na própria Portaria, e anunciou a realização de uma ação do IGARN Itinerante, que ocorrerá entre os dias 21 e 24 de outubro, no IFRN de Ipanguaçu. A ação tem como foco a regularização dos usuários de água do Rio e do Canal do Pataxó. Após a etapa de regularização, será realizado um balanço hídrico com base nas outorgas emitidas, o que permitirá uma melhor gestão dos volumes disponíveis.

Encaminhamentos deliberados

Como resultado dos encontros, foram definidos os seguintes encaminhamentos:

  1. Manutenção do monitoramento e fiscalização contínuos até o final do ano, para garantir o controle do uso da água e acompanhar as condições hídricas da região.
  2. Aplicação gradual de sanções, com advertência na primeira ocorrência de irregularidade e, em caso de reincidência, imposição de multa conforme os critérios estabelecidos pela Diretoria do IGARN.
  3. Construção de um barramento na extremidade do Canal do Itú/Picada, com o objetivo de impedir o avanço da água até a Lagoa da Ponta Grande.
  4. Revisão dos sistemas de bombeamento instalados ao longo do Rio Pataxó, especialmente os que utilizam bombas com potência superior a 20 CV.
  5. Manutenção do regime de bombeamento em dias alternados, conforme definido nas regras de operação para uso racional dos recursos hídricos.
  6. Proibição da instalação de novos empreendimentos e da ampliação de áreas irrigadas já existentes na calha do Rio Pataxó.
  7. Proibição da construção de passagens molhadas no leito do rio sem acompanhamento técnico, a fim de preservar o regime natural de vazão.
  8. Execução de desassoreamento em pontos críticos da calha do Rio Pataxó, para recuperar sua capacidade de escoamento.
  9. Desassoreamento do Canal do Itú/Picada, com o objetivo de melhorar a eficiência hidráulica e o fluxo da água.
  10. Revisão técnica da água acumulada na Lagoa do Canadá, visando avaliar as condições de escoamento e a necessidade de eventuais intervenções.
  11. Incentivo à adoção de sistemas de irrigação mais eficientes, como gotejamento e microaspersão, para reduzir perdas por evaporação e garantir maior eficiência no uso da água.

Outras propostas e encaminhamentos futuros

Durante as reuniões, também foi apresentada a sugestão de perfuração de poços artesianos compartilhados por duas ou três propriedades, com possibilidade de abertura de linhas de crédito rural — proposta que será debatida com os órgãos competentes.

Por fim, foi deliberada a proposição de uma reunião emergencial com a Governadora do Estado, a fim de tratar sobre a necessária reforma do Canal do Pataxó, estrutura fundamental para o abastecimento e irrigação da região.

O IGARN segue atuando de forma articulada com os usuários, instituições públicas e sociedade civil para garantir a segurança hídrica, a gestão sustentável dos recursos naturais e o atendimento às necessidades das populações atingidas pela escassez.

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