Os hospitais públicos do Rio Grande do Norte registraram, desde novembro de 2022 até o fim de 2024, 2.143 amputações realizadas em decorrência de diabetes. De acordo com a Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sesap/RN), o número é um reflexo das falhas presentes na Atenção Primária à Saúde (APS), responsável pelos cuidados preventivos junto aos pacientes atingidos pela doença. Os dados são da Sala de Situação da Linha de Cuidado Vascular, que integra o Sistema Regula RN, e foram cedidos pela Sesap à reportagem da Tribuna do Norte.
De acordo com o Ministério da Saúde, a diabetes pode ser descrita como uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina. A tipo 1 é considerada uma doença crônica não transmissível e aparece geralmente na infância ou adolescência, enquanto a tipo 2 pode estar associada a outras condições de saúde como sobrepeso e hipertensão.
Uma das principais preocupações relacionadas à doença é o chamado “pé diabético”, que pode levar à amputação. De acordo com a médica endocrinologista Alessandra Seabra, o problema é desencadeado quando há um mau controle glicêmico da diabetes por vários anos, somado a condições como neuropatia diabética ou a doença arterial obstrutiva periférica.
“Uma feridinha pequena no pé de um diabético, que tem a doença sem um controle adequado, junto com o tabagismo, colesterol alto e hipertensão arterial são fatores que colocam esse paciente em maior risco de amputação dos dedos dos pés, ou até da perna inteira”, explica a especialista.
Na última quarta-feira (14), o Governo do Rio Grande do Norte sancionou a Lei Nº 12.165, que institui a “Semana Salvando Pernas”, voltada à prevenção de amputações causadas por complicações da diabetes. A iniciativa vai ser realizada anualmente na segunda quinzena de agosto e integra as ações do Programa de Saúde do Pé Diabético no Estado.Entre as atividades previstas estão seminários voltados à conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de lesões nos pés de pacientes com diabetes.
Na avaliação de Alessandra Seabra, as campanhas educativas podem ter um papel importante na redução dos casos de diabetes no Estado, especialmente na prevenção do ganho de peso. Isso porque a forma mais frequente do diabetes é a tipo 2, geralmente desencadeada pelo excesso de peso. Aliado a isso, ela defende políticas públicas para fornecer medicamentos aos pacientes com obesidade. “No SUS, não existe nada para o tratamento da obesidade/sobrepeso, e isso é um agravante para essa situação tão alarmante nos números de casos crescentes de pessoas com Diabetes”.
Tribuna do Norte